ATA DA OCTOGÉSIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 09-08-1989.
Aos nove dias do mês de agosto do ano de mil
novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio
Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Octogésima Sessão Ordinária
da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze
horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos
Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro
Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino
Besson, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Giovani Gregol, Heriberto Back, Isaac
Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Alvarenga, José Valdir,
Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano
José, Nelson Castan, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vieira da Cunha, Wilson Santos e
Wilton Araújo. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou
abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Artur Zanella que procedesse à leitura
de trecho da Bíblia. Após, o Sr. Secretário procedeu à leitura das Atas da
Septuagésima Nona Sessão Ordinária e da Vigésima Terceira Sessão Solene, que
foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Ervino Besson, 04 Pedidos
de Providências; pelo Ver. Leão de Medeiros, 03 Pedidos de Providências; 01
Projeto de Lei do Legislativo nº 118/89 (proc. nº 2167/89). Do EXPEDIENTE
constaram: Ofícios nºs 240; 241; 242/89, do Sr. Subchefe da Casa Civil do
Governador do Estado do Rio Grande do Sul; 248/89, do Procurador Geral de
Justiça, Sr. Paulo Olímpio Gomes de Souza; 312/89, do Sr. Presidente do
Tribunal de Contas da União; 379/89, do Sr. Presidente da Associação do
Ministério Público do Rio Grande do Sul; 639; 640/89, do Sr. Prefeito
Municipal; 7385/89, do Sr. Presidente da Câmara Municipal de São Paulo;
Ofícios-Circulares nºs 12/89, da Câmara Municipal de São José do Rio Preto, SP;
18/89, da UVERGS/RS; 429/89, da Câmara Municipal de São Borja; Circular s/n, da
Associação de Medicina de Grupo do Rio Grande do Sul. Após, o Sr. Presidente
leu comunicação do Ver. Martim Aranha, em que este Vereador declara-se
impossibilitado, por motivos particulares, de continuar na vereança, em
substituição ao Ver. Vicente Dutra. Em prosseguimento, o Sr. Presidente
convidou os presentes a, de pé, assistirem à entrega do Diploma e da Declaração
de Bens, bem como a prestação do compromisso legal pela Suplente Bernadete
Vidal, declarando S. Exª empossada, em substituição ao Ver. Vicente Dutra, nos
dias nove e dez do corrente, e informando-lhe que passaria a integrar a
Comissão de Justiça e Redação. A seguir, concedeu a palavra à Verª Bernadete
Vidal, que discorreu sobre o trabalho que sempre realizou, dentro e fora deste
Legislativo, em defesa dos deficientes físicos. Denunciou a diminuição das
verbas públicas destinadas a educação de excepcionais. Em GRANDE EXPEDIENTE, o
Ver. José Valdir comentou o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito
sobre Educação, encaminhado pela Assembléia Legislativa do Estado, ressaltando
diversas irregularidades denunciadas no mesmo, em especial quanto a retenção e
desvio de verbas que deveriam ser utilizadas no setor educacional. Analisou os
prejuízos causados para a educação gaúcha, pela implantação do Quadro de
Pessoal por Escola. Criticou as formas como são pagos os professores estaduais.
Criticou o corte, pelo Governo Federal, do crédito educativo, atentando para os
problemas que essa medida ocasionará. O Ver. José Alvarenga discorreu sobre as
buscas que vem sendo feitas, a nível nacional, de democratização dos serviços
públicos, através da escolha, por eleições diretas, das chefias de setores
públicos. Destacando que os municipários encontram-se engajados nesta luta,
comentou regimento eleitoral elaborado para tal e nota das Associações dos
Técnicos-Científicos e dos Engenheiros do DMAE, contrária a essa política de
democratização. Comentou assembléia geral realizada pelos servidores do DMAE,
para encaminhamento das lutas dos municipários no plano salarial. O Ver. Lauro
Hagemann citou a apreciação, a ser feita hoje, pela Assembléia Legislativa do
Estado, da Emenda Popular que visa a criação da universidade estadual. Explanou
sobre a forma como essa universidade se constituiria, através de um sistema de
multi-campi, distribuídos em diversas cidades do Estado. Ressaltando que a
solução dos problemas brasileiros encontra-se estreitamente ligada à educação,
analisou os benefícios que seriam decorrentes, para o Rio Grande do Sul, de um
investimento maior na área educacional. Registrou visita de comissão de
estudantes que vieram solicitar o apoio da Casa para a criação da universidade
estadual. O Ver. Leão de Medeiros, dizendo acreditar que o PT não se encontrava
preparado para assumir a Prefeitura de Porto Alegre, discorreu acerca da
inexistência de um plano concreto para o governo da Cidade. Criticou a atuação
dos partidos de esquerda dentro do quadro de transição política que atravessa o
País. Atentou para os aumentos tarifários aprovados pelo PT em diversas áreas.
Questionou a intervenção pública ocorrida nos transportes coletivos da Cidade.
Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, O Ver. Wilson Santos discorreu sobre a violência
observada no trânsito do País, declarando estar encaminhando documento ao DNER,
indagando sobre qual a estrada que permite o uso de uma velocidade acima de
oitenta quilômetros horários. Registrou o grande número de veículos que trafega
com excesso de velocidade, comentando um estudo de sua autoria, que visa
proibir a construção de veículos que trafeguem com uma velocidade superior a
cem quilômetros horários. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Dilamar Machado destacou a
falta de projetos do Pref. Olívio Dutra para a Cidade, indagando da Bancada do
PT acerca do programa de governo da Administração Popular. Lamentou que esta
Casa não tenha recebido, de parte do Executivo, qualquer informação acerca
desse programa e, ainda, que não esteja ocorrendo um trabalho conjunto entre o
Executivo e o Legislativo Municipal. O Ver. Décio Schauren declarou estar
ocorrendo uma discriminação, pela imprensa, de notícias relativas ao seu
Partido. Reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Dilamar Machado,
acerca do programa de governo da Administração Popular. Discorreu sobre o
enquadramento, na Lei de Segurança Nacional, de integrantes da CUT e do
Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra, analisando o uso desta lei pelas forças
repressoras do País e atentando para a falta de atuação da polícia nas questões
ligadas a agressões a trabalhadores. O Ver. Artur Zanella, referiu-se ao
pronunciamento, de hoje, do Ver. Décio Schauren, em que aquele Vereador analisa
denúncia de ocorrência de discriminação, de parte da imprensa, de notícias
relativas ao PT, não concordando com essa denúncia. Comentou o plano de governo
da Administração Popular, divulgado pela imprensa, questionando o fato deste
plano não possuir qualquer referência quanto à conclusão do Distrito Industrial
da Restinga. Falou sobre o corte, pela Caixa Econômica Federal, do crédito
educativo, salientando informações de que este corte já teria sido revogado. O
Ver. Adroaldo Correa falou sobre o corte ocorrido de parte da Caixa Econômica
Federal, no crédito educativo oferecido aos estudantes, destacando esperar que
sejam verdadeiras as informações quanto a revogação dessa medida. Comentou
denúncias publicadas pelo Sindicato dos Jornalistas, de retorno da censura na
área, analisando as lutas sempre existentes no País a favor da liberdade de
expressão. Destacou episódio de reunião de proprietários de jornais com o
Comando do Exército, visando uma reformulação nas suas linhas editoriais. Em
COMUNIDAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Vieira da Cunha discorreu sobre concurso para o
magistério realizado durante o Governo Alceu Collares que, por problemas na
prova de títulos, teve adiada sua homologação, obrigando a contratação de
professores via carta-contrato. Declarando que os resultados desse concurso já
foram homologados, classificou como ilegal a continuidade do uso deste recurso
de carta-contrato, bem como, declarou que o mesmo vem prejudicando os
professores contratados. O Ver. Luiz Machado, referiu-se a pronunciamentos
feitos na Casa, quanto a denúncias de censura verificadas em nossa imprensa.
Declarou que o Prefeito Municipal possui grande espaço nos meios de comunicação,
não acreditando que esteja em vigência uma discriminação do PT por parte da
imprensa local. O Ver. José Valdir falou sobre o pronunciamento do Ver. Vieira
da Cunha, acerca de prejuízos financeiros que estariam sofrendo os professores
contratados pelo Executivo Municipal através de cartas-contrato. Esclareceu ter
recebido informações da Secretaria Municipal de Administração de que este
assunto já foi solucionado. Comentou, ainda, os motivos que ocasionaram o uso
do recurso da carta-contrato. Discorreu sobre a censura sofrida pelo PT e
outros partidos políticos, de parte da imprensa local. Durante os trabalhos, o
Sr. Presidente comunicou ter indicado os Líderes de Bancada para constituírem
Comissão Externa, solicitada pelo Ver. Artur Zanella, visando a apuração de
possíveis irregularidades em estabelecimentos da Vila Restinga. Na ocasião, os
Vereadores Clóvis Brum e Vieira da Cunha solicitaram as suas substituições, na
referida Comissão Externa, pelos Vereadores Luiz Machado e Ervino Besson. Nada
mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às dezesseis
horas e quarenta minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos
Vereadores Valdir Fraga e Lauro Hagemann, e secretariados pelos Vereadores
Lauro Hagemann e Wilton Araújo. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE
(Valdir Fraga): Sobre a mesa
uma comunicação do Ver. Aranha Filho, que se afastará nos dias 09 e 10 de
agosto. A Verª Bernadete Vidal assumirá no lugar do Ver. Vicente Dutra,
titular.
Em face do licenciamento do Ver. Vicente Dutra, assumirá a vereança, em
substituição, a Srª Bernadete Vidal. Solicito aos Srs. Líderes de Bancada que
introduzam no Plenário a Srª Bernadete Vidal.
(A Srª Bernadete Vidal dá entrada no Plenário.)
O SR. PRESIDENTE: Solicito a V. Exª que entregue à
Mesa o seu Diploma de Vereadora e sua Declaração de Bens.
(É feita e entrega dos documentos solicitados.)
O SR. PRESIDENTE: Convido o Plenário e todos os
presentes para que assistam, em pé, o compromisso que S. Exª irá prestar neste
momento.
A SRA. BERNADETE VIDAL: (Lê.) “Prometo cumprir a Lei
Orgânica do Município de Porto Alegre, defender a autonomia municipal e exercer
com honra, lealdade e dedicação o mandato que me foi conferido pelo povo.”
(Palmas.)
O SR. PRESIDENTE: Declaro empossada a Srª Bernadete
Vidal no cargo de Vereadora, e convido-a a tomar assento em sua Bancada. S. Exª
usará o nome parlamentar de Bernadete Vidal e integrará a Comissão de Justiça e
Redação.
V. Exª tem cinco minutos, se desejar fazer uso da palavra.
A SRA. BERNADETE VIDAL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
essas passagens que os suplentes de Vereador têm pela Câmara são mais o
cumprimento da disposição da Lei Orgânica do que um mandato ou uma honra ou
qualquer coisa desse tipo. Mas, quando eu vim à Câmara pela primeira vez,
quando me propus a concorrer, já trazia comigo uma bagagem, uma linha de
atuação que a maioria conhece, que é a defesa dos direitos das pessoas
portadoras de deficiência.
Nesses cinco minutos, apenas desejo reafirmar esse trabalho, essa luta e
os mesmos propósitos que, com mandato ou sem mandato, com cargo ou sem nenhum
cargo, eu tenho exercido durante todos esses anos, desde a minha adolescência.
Tenho por princípio levar adiante essa luta, porque sei, porque estou
consciente que o meu problema de pessoa cega é apenas um problema a mais entre
tantas pessoas que portam qualquer tipo de deficiência. Nós todos sabemos que,
coletivamente, unidos, chegaremos a dias melhores. Recordo de tantas brigas, de
tantas lutas, pela validade do concurso público para deficiente, prestávamos
concurso e não éramos admitidos, pleiteávamos trabalho e não éramos admitidos.
Durante esses vinte e dois anos, vinte e um anos de trabalho, não meus, mas de
um grupo de deficientes, pioneiro no Brasil e na América Latina, constatamos
que esta realidade longe está de ser a ideal, mas também longe está daquela
realidade que eu mesmo enfrentei, e que outros companheiros enfrentaram na
busca por emprego, na busca de espaço na universidade onde éramos preteridos,
onde não éramos assistidos e onde entrávamos mais por teimosia do que por
condições ou porque alguém facilitasse alguma coisa. Então, esta luta, Srs.
Vereadores, é que eu trago para esta Casa, pedindo aos Vereadores que estão
nesta Legislatura que, se não pensaram ainda no problema, passem a pensar nele.
Somos cerca de 10% de brasileiros, 10% de gaúchos, 10% de
porto-alegrenses que estamos marginalizados, que estamos lutando por um espaço
melhor, por um lugar ao sol nessa sociedade tão desumana. E a denúncia que
sempre fazemos, que essa semana ainda aparecia estampada nas páginas dos
jornais de que, mais do que nunca, a fome não está só matando, mas levando à
excepcionalidade, levando à deficiência, esta denúncia tem que ser constante e
peço aos Senhores que compõem a Câmara nesta Legislatura, nesta gestão, que pensem,
pensem com muito cuidado na problemática que envolve o deficiente, se não
conhecem, o que é natural, estão aí as entidades representativas dos cegos, dos
paraplégicos, a APAE de Porto Alegre, da qual tenho a honra de ser Conselheira,
estão aí as entidades que conhecem, que lidam no diário com esses problemas.
Estão aí as escolas e estamos todos juntos para denunciar, por exemplo, que o
Estado do Rio Grande do Sul, além de não aumentar o auxílio, auxílio, não - não
gosto desta palavra, o investimento público no setor, para a educação e saúde
do deficiente, retirou, Srs. Vereadores, diminuiu o investimento numa área tão
sensível. Ao invés de construir escolas, está fechando escolas. É esta a
gravidade da nossa problemática no dia de hoje com todos esses anos de luta e
com tantas necessidades que temos e que constatamos diariamente. Se não temos
um mandato aqui, temos a vivência diária com a problemática da deficiência, não
só minha, mas do grande grupo que somos e vamos lutar até o fim para não
continuarmos sendo marginalizados. Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Artur Zanella entrou com
um pedido de uma Comissão Externa para apurar os fatos na Restinga, fechamento
de creches, pedido de concordata, etc. E nós indicamos, como sempre, os Líderes
e os Líderes vão indicar, se assim desejarem, os seus liderados. E o Vereador
se preocupou, com razão, porque eu indiquei o Ver. Clóvis Brum e o Ver. Luiz
Braz. Não indiquei o Ver. Luiz Machado e nem o Ver. Edi Morelli, mas a Presidência
da Casa não pode indicar a não ser os Líderes. E os Líderes é que devem indicar
os seus liderados.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, o normal é o
processo vir às Lideranças para que elas indiquem os integrantes da Comissão, e
depois V. Exª, de posse dessas indicações, baixa uma portaria constituindo a
Comissão. Mas o nome do Ver. Luiz Braz e deste Vereador já integram a Comissão?
O SR. PRESIDENTE: Sim, se V. Exª desejar indicar
outro colega, indica para substituir.
O SR. CLÓVIS BRUM: Rigorosamente houve um equívoco
no sentido da condução da constituição, porque não é preciso fazer isso. O
certo era o Líder indicar e a Mesa baixar a portaria.
O SR. PRESIDENTE: Mas a Comissão Externa, a
Presidência é quem indica.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, sempre são
consultadas as Lideranças.
O SR. PRESIDENTE: Sim, e a Mesa, ao invés de
consultar, indicou o Líder direto.
O SR. CLÓVIS BRUM: Agradeço e solicito que me
substitua pelo Ver. Luiz Machado.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente, indico para
substituir esta Liderança, na Comissão Externa, o Ver. Ervino Besson, para
representar a Bancada do PDT.
O SR. PRESIDENTE: Passamos ao
Com a palavra, o Ver. José Valdir, por cessão do Ver. José Alvarenga.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, basicamente o que me traz à tribuna são dois assuntos ligados à
questão da educação: um na esfera estadual e outro na esfera federal.
Primeiramente, gostaria de dizer que este assunto, ligado à esfera estadual, o
nobre Ver. Clóvis Brum, tenho certeza tomará como uma das tantas “críticas
construtivas”, como outro dia se referiu a um meu pronunciamento. O Governo do
Estado do Rio Grande do Sul vem se caracterizando por ser um hábil manipulador
das verbas da educação. Em pronunciamento desta tribuna, no dia 27 de abril,
referi-me ao Relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito da Educação,
encaminhado pela Assembléia Legislativa, que denunciava uma série de manobras
contábeis, graças às quais as verbas do salário-educação eram desviadas para
outras finalidades, implicando, por exemplo, a não utilização de cerca de dois
milhões de cruzados novos, pela Secretaria de Educação, durante o ano de 1988,
valor que ficou na Secretaria da Fazenda, embora as escolas estejam em petição
de miséria, com prédios caindo e a comunidade obrigada a estar permanentemente
fazendo promoções beneficentes para mantê-las em funcionamento. Depois de ter
acertado, com o Governador Jair Soares, a sustação do concurso para o
magistério, que estava previsto para fins de 1986, o Governo Simon, finalmente,
realizou o tão esperado concurso, em fins do ano passado, depois de ter feito
aquela tentativa de dizer que havia professores em excesso, que não havia
necessidade de mais professores, tentando implantar, de forma autoritária, o
malfadado QPE, que acabou se constituindo em mais um poderoso instrumento para
desestruturar ainda mais a escola pública, e se tornando um verdadeiro fiasco
nacional.
Neste ano de 1989, finalmente, o Governo do Estado encaminha as
nomeações daqueles professores aprovados no último concurso: 145 em fevereiro;
650 mais 7.030 em março; 3.122 em abril; 152 em maio; 261 em junho; 3.025 em
julho; e, mais ou menos, 800 contratados, totalizando em torno de 15.375 novos
professores. Saliento que as nomeações estão sendo feitas em forma de
conta-gotas, em número insuficiente, tanto que os jornais, diariamente,
noticiam que, a esta altura do ano, em muitas escolas os alunos não tiveram
nenhuma aula em determinadas disciplinas, ou até turmas inteiras não começaram
por falta de professores; ou, ainda, funcionam precariamente, na base daquilo
que já é conhecido dentro da escola, o “quebra-galho”, o “tapa-buraco”, ou
aquela famosa instituição nacional, chamada “jeitinho”. Um aparte ao Ver.
Ferronato.
O Sr. Airto Ferronato: Fiasco nacional é a intervenção,
em Porto Alegre, nas empresas de ônibus, aliada ao próprio Governo do PT, em
Porto Alegre, e nos demais Municípios onde ele se encontra no poder.
O SR. JOSÉ VALDIR: Verª Bernadete Vidal ...
A Sra. Bernadete Vidal: Só para dizer, Vereador –
voltando à educação e salientando o valor da educação – que para os
deficientes, para a escola de deficientes, para o Centro de Atendimento ao
Deficiente não veio nenhum técnico, ao contrário, saíram.
O SR. JOSÉ VALDIR: Eu agradeço aos Vereadores pelos
apartes e continuo, mas nem vou responder, porque já falei bastante sobre a
questão da intervenção e parece que nós, de fato, temos posição bem diferente a
respeito. Agora, isto aqui é um fato comprovado, tanto que o QPE é um fiasco
nacional que o próprio Governo e o nosso Secretário nem gostam que se fale mais
em QPE. Eu disse aqui que o Bernardo de Souza tratava a educação como se fosse
uma guerra, e este trata como se fosse um grenal.
O Sr. Vieira da Cunha: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) É que eu quero me solidarizar com V. Exª sobre as
críticas que V. Exª faz à política habitacional do Estado, as quais julgo
inteiramente procedente. Mas quero também pedir a V. Exª, já que no início do
seu pronunciamento disse que se referiria à educação no nível federal e
estadual, que também atentasse ao fato de que aqui em nível municipal há
centenas, ainda, de professores contratados, com carta-contrato, cujo concurso
já foi homologado pela Prefeitura e cujas nomeações estão em ritmo muito lento.
E estes professores contratados, Ver. José Valdir, ao contrário da informação
que V. Exª trouxe a esta Casa, estão recebendo muito menos, alguns até três
vezes menos do que recebiam se estivessem já nomeados. Então eu peço a V. Exª a
atenção para o caso dos professores municipais que estão sendo explorados pela
Prefeitura de Porto Alegre.
O SR. JOSÉ VALDIR: Vereador, eu mantenho a
informação que dei aqui e gostaria que V. Exª me trouxesse os dados. Agora, o
assunto que eu vou entrar, de fato não ocorre no Município, que é o seguinte:
quero, neste pronunciamento, mais do que salientar o ritual burocrático,
certamente necessário, mas que é usado como justificativa pelo Governo do
Estado para fazer caixa com o dinheiro do magistério – obriga os professores a
trabalhar sem receber, no mínimo, seis meses. Depois que o Estado publica, no
Diário Oficial, a relação dos professores aprovados, começa a chamá-los por
ordem de classificação. Os professores chamados têm o prazo de um mês para se
apresentarem na respectiva Delegacia de Educação, onde escolhem ou são
indicados para atuarem em uma escola onde existe vaga, passando, imediatamente,
a trabalhar. Paralelamente ao trabalho, encaminham os exames na Biometria do
Estado e toda a documentação legalmente necessária. Os professores fazem isso
rapidamente para começar a receber, o mais rápido possível, na esperança de que
tal agilidade também aconteça por parte do Governo. Ledo engano, o Estado chega
a marcar os exames na Biometria para trinta dias depois de solicitado e, quando
todos os documentos são entregues ao Estado, começa a via crucis do
professor, começa uma espécie do “início do eterno esperar”, porque os
professores têm a sensação de impotência, de revolta. Com o dinheiro sumindo do
bolso, e este deve ser o sentimento do professor, porque o Estado leva 90 dias
para fazer a análise final e dar posse ao professor. O professor espera e nada
recebe e trabalhando sempre. Depois da posse, o Estado leva, no mínimo, mais 90
dias para finalmente começar a pagar, isto se durante o processo não acontecer
nenhum problema. Seis meses é a média. Há casos que o professor leva um ano
para receber o primeiro pagamento. Os atrasados – e aqui chamo atenção – são
pagos, mas sem qualquer juro ou correção monetária, depois de seis meses ou um
ano. Numa situação inflacionária que estamos vivendo, é óbvia a conclusão de
que o Estado aufere ganhos enormes a custa de um injusto confisco salarial da
tão sofrida categoria do magistério.
O Governo Pedro Simon tem se caracterizado por dar um tratamento
desigual à sociedade. Paga os professores seis meses depois, sem juros ou
correção monetária, mas quando é para cobrar taxas e juros da população, estas
taxas e juros são corrigidos, e ao mesmo tempo os grandes empresários, como já
foi amplamente denunciado, são beneficiados por todo o tipo de inserções e
sonegações que não são fiscalizadas.
Recém estão saindo as nomeações de março e abril e comenta-se, dentro
das próprias Delegacias de Educação, que quem tiver sorte receberá o seu
primeiro pagamento em dezembro ou início do ano que vem. O CPERS, diante dessa
injustiça, manifestou a sua preocupação em recente audiência com o Secretário
da Educação, o qual concordou com as preocupações da entidade, e ressaltou que
até já cedeu funcionários para a Secretaria da Administração, a fim de agilizar
os processos, mas a resposta do Governo às insistentes preocupações da
categoria do CPERS tem sido o velho e clássico jogo de empurra, pois a
Secretaria da Fazenda diz que a culpa é da Secretaria da Administração, e esta
alega a falta de recursos humanos para agilizar o andamento do processo. Eu
desconfio que esses argumentos não expressam a verdade. Explicam, mas não
justificam.
Na verdade, o que está em jogo é mais um mecanismo imoral de confisco
salarial, nos moldes que o Estado já aplica em relação às verbas do
salário-educação, se não porque ao menos o Estado não tem a decência de reparar
as perdas ocasionadas por essa morosidade da burocracia, repondo valor da moeda
com juros e correção monetária dos salários atrasados.
A outra questão que eu queria abordar é sobre essa notícia que nós
estamos assistindo e que está preocupando os estudantes universitários, que é a
decisão de cortar o crédito educativo que possibilitava custear os estudos de
estudantes carentes, em universidades particulares. Essa decisão é o mesmo que
impedir com que milhões de estudantes carentes possam de fato se adonar daquilo
que é o patrimônio da humanidade, que é o saber. São 115 mil estudantes nesse
primeiro semestre que já são beneficiados pelo crédito educativo, e mais 20 mil
que iriam ingressar no programa. E aí quero salientar que não está sendo
observado o preceito constitucional que diz que a educação é um dever do Estado
e um direito do cidadão.
Eu encerro, Sr. Presidente, e voltarei oportunamente a falar sobre esse
tema que é um tema da maior importância e que está relacionado, também, com a
defesa da escola pública e o combate à privatização do ensino. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): Com a palavra, o Ver. José
Alvarenga.
O SR. JOSÉ ALVARENGA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
ultimamente um tema bastante importante tem tomado as páginas dos jornais.
Estamos falando de uma reivindicação antiga no movimento dos servidores
públicos, tanto dos servidores públicos federais, como estaduais, e no caso
específico, aqui em Porto Alegre.
O assunto que torno a chamar a atenção é a democratização no serviço
público municipal. Recentemente os servidores federais terminaram uma greve que
durou 52 dias. Isso se dá basicamente pelo chamado fato das eleições diretas,
por parte dos servidores no serviço público, na participação das decisões dos
assuntos de ordem pública que envolve os governos e, recentemente, logo após a
explosão do movimento de Volta Redonda. O Governo Federal, com uma política
sistemática de utilização daquela empresa, ao preço do aço produzido em Volta
Redonda, a preços bem superiores e os trabalhadores exigem exatamente a
democratização da Companhia Siderúrgica Nacional para que os trabalhadores da
empresa, e os trabalhadores em geral, possam ter voz para decidir a política
executada naquela empresa estatal. O serviço público normalmente tem sido
utilizado como forma de beneficiar companheiros do partido que está no governo,
em detrimento, muitas vezes, das necessidades da população, que deveriam ser
atendidas por esse governo, o que ocasiona, muitas vezes, um grande
autoritarismo na gestão dos órgãos públicos.
Os municipários de Porto Alegre estão se engajando nessa luta pela
democratização do serviço público. Eu acho que isso é muito importante e merece
o apoio da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Os servidores públicos
municipais estão exigindo eleição direta para suas chefias. Na SMT já houve um
processo de eleição de chefias e, agora, os servidores do DMAE também estão se
mobilizando para garantir a eleição direta para as chefias.
Infelizmente, nós tivemos publicada, no jornal Zero Hora, de 05 de agosto, nota assinada pela Associação dos Técnicos-Científicos do DMAE, por sua provável Presidente Vânia Teresa Vieira dos Santos e pela Associação dos Engenheiros do DMAE, assinada pelo Sr. Carlos Alberto Farias, nota esta que se contrapõe ao processo de eleição direta para as chefias do DMAE, ao processo de democratização do DMAE. O conteúdo da nota levanta, basicamente, cinco argumentos, que eu gostaria que os Vereadores analisassem. Em primeiro lugar, afirma que a eleição direta das chefias subverte a hierarquia dentro do serviço público; que isto teria, como conseqüências, em primeiro lugar, o rebaixamento da qualidade dos serviços prestados à população, além da destruição da disciplina dentro desse órgão. Além disso, as duas Associações questionam o processo de eleição dizendo-o não democrático pelo de os Superintendentes, que seriam as chefias de segundo escalão, não poderem ser eleitas também pelos servidores. Em segundo lugar, as duas Associações afirmam que o regimento eleitoral, que está sendo elaborado pelos servidores do DMAE, não leva em conta a qualificação técnica, a especialização dos servidores que vão executar as tarefas de chefia dentro do DMAE. Finalmente, nós constatamos que, devido à deflagração desse processo, três Superintendentes do DMAE se demitiram porque não desejavam se sujeitar ao processo de eleição direta no DMAE.
Ocorre, Srs. Vereadores, que os servidores do DMAE estão se mobilizando
e formaram uma comissão ou um fórum, composto por 40 servidores, eleitos nas
divisões do DMAE. Em todos os locais de trabalho do DMAE, são 40 servidores que
seriam os porta-vozes de todos os servidores do DMAE e que, juntamente com a
direção do DMAE e com dois representantes de cada uma das entidades citadas,
somando-se a mais dois representantes indicados pelo Sindicato dos
Municipários, este conjunto elaboraria, discutiria com os servidores do DMAE
uma proposta de regimento eleitoral. Este regimento seria, depois de elaborado,
sujeito à aprovação na assembléia dos municipários. Este regimento foi
elaborado por esta comissão e no dia 04 de agosto houve uma assembléia que
reuniu mil servidores do DMAE, e este Regimento Interno foi aprovado na sua
íntegra pelos servidores do DMAE. E o mesmo estabelece o seguinte calendário:
do dia 03 ao dia 15, portanto já estamos vivendo neste período, haveria a
campanha dos candidatos às diversas chefias dentro do Departamento Municipal;
do dia 16 ao dia 31 haveria o processo eleitoral, as eleições propriamente
ditas e, de 1º a 04 de setembro, os servidores e a Direção-Geral do DMAE dariam
posse aos servidores municipais eleitos. Apesar da oposição manifestada
publicamente pelas duas associações, o fato inegável é que esta Comissão está
coberta por uma imensa representatividade. Representatividade confirmada na
assembléia, com mil servidores do DMAE, apoiada pelo Diretor-Geral, companheiro
Guilherme Barbosa, que está encaminhando processo de democratização muito
importante na nossa Cidade, apesar da oposição dessas duas entidades, e a
entidade dos técnicos-científicos e a entidade dos Engenheiros, que crêem que
não devem se sujeitar à democracia dos servidores do DMAE, não devem se
sujeitar à opinião dos servidores do DMAE.
É importante notar que a assembléia geral, levando em consideração,
inclusive, os argumentos manifestados pelas associações, fez um breve balanço
do funcionamento do DMAE, logo após o pedido de demissão desses três
Superintendentes e a assembléia constatou que o DMAE continua funcionando
normalmente, que esse fato não significou nenhuma defecção séria no
funcionamento da entidade. Além disso, a assembléia dos servidores municipais
do DMAE reafirmou a necessidade de pagamento dos 26% devidos, ainda, pelo
Executivo Municipal aos servidores municipais e, além disso, a assembléia dos
servidores do DMAE exigiu do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre a realização
de uma assembléia geral da categoria para discussão de um plano de mobilização
para garantir o pagamento dos 26%.
Então, acho que essa assembléia, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, essa
organização dos nossos servidores municipais do DMAE é uma prova indiscutível
de que não só os servidores municipais se preocupam profundamente com a
qualidade do serviço prestado, se preocupam profundamente com o cumprimento do
acordo feito com o Executivo Municipal, demonstrando independência dos
servidores, muito embora esta mobilização esteja sendo dirigida por
companheiros do nosso Partido, o Partido dos Trabalhadores, demonstra uma
independência do nosso Partido para encaminhar a luta dos trabalhadores no
plano sindical. Além disso, os servidores do DMAE, através da democracia direta
praticada nas suas grandes assembléias, isolam as duas associações, dos
técnicos-científicos e dos Engenheiros, demonstrando que a assembléia e o fórum
reconhecido pelo companheiro Guilherme Barbosa é que hoje tem condições de
representar os servidores do DMAE.
O Sr. Vieira da Cunha: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) É que as informações que tenho é que estas duas
associações internas do DMAE não estariam contra o processo democrático de
escolha das chefias, mas sim contra alguns critérios estabelecidos por este
regimento eleitoral, principalmente o fato de que algumas chefias, onze delas,
não se submeteriam a esta forma democrática de escolha e sim a escolha seria de
confiança do Diretor-Geral do DMAE. Da maneira como V. Exª estava colocando dá
a impressão de que estas chefias estariam contra a eleição direta das chefias.
E não é esta a informação que tenho.
O SR. JOSÉ ALVARENGA: De fato, os servidores
municipais exigiam, a princípio, que todas as chefias, abaixo do Diretor-Geral,
fossem submetidas à eleição. Esta reivindicação sofreu uma oposição por parte
do Diretor-Geral. E quatro chefias, conforme o Diretor-Geral nos garantiu,
quatro Superintendentes do DMAE continuariam sendo indicados pelo
Diretor-Geral, e todas as demais seriam submetidas à eleições. E o fórum que
reúne os representantes funcionais do DMAE, que reúne as duas associações
citadas, o Sindicato e também representantes da Direção-Geral, aprovou este
regimento eleitoral.
Embora também concordemos que não é um processo que permite a eleição de
todas as chefias abaixo do Diretor-Geral, significa um grande avanço, um
profundo avanço, e todas as bancadas têm que reconhecer isto, na democratização
dos serviços públicos, fundamentalmente do DMAE. E já que conta esta proposta,
este Regimento Interno, com a aprovação da assembléia, com a aprovação do fórum
de representantes, também conta com o apoio deste Vereador. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Lauro
Hagemann.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
o assunto que me traz à tribuna, talvez não devesse ser tratado por alguém que
não está intimamente afeito à área educacional de terceiro nível, ou seja,
universitário. Eu sei que, nesta Casa, nós temos companheiros Vereadores que
são universitários, mas eu me atrevo a trazer à baila esse assunto porque ele
transcende à mera fronteira da universidade, ele tem inserção direta na
sociedade rio-grandense, como um todo, e no futuro desta sociedade.
Hoje, a Assembléia Nacional Constituinte está apreciando uma Emenda de
origem popular, com cerca de oito mil assinaturas, que visa a criação da
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul. A matéria é controvertida, não
posso negar. Existem educadores que acham que os Estados, as unidades da
Federação que se constituem em Estados, não têm competência para manter, de
gerir uma universidade; não é o caso de São Paulo, por exemplo, que tem duas
universidades estaduais, a USP e a UNICAMP. É claro que São Paulo é um Estado
rico e consegue mantê-las. Mas, por outro lado, ao mantê-las sob o seu âmbito,
ele resguarda essas duas universidades de assédios de outras áreas,
principalmente as de âmbito federal, que chegam a ser nocivas à universidade
como uma instituição.
Hoje vieram vários estudantes, ônibus lotados do interior, para fazerem
o seu “lobby” junto aos constituintes estaduais, no sentido de que aprovem essa
criação. A Universidade Estadual seria constituída basicamente de multi-campi,
ou seja, o aproveitamento das universidades já existentes no Estado, partindo
basicamente de Ijuí, Passo Fundo e Caxias do Sul, com extensão, com adesão já
de outras que estão em formação.
Mas, Srs. Vereadores, esta matéria enseja uma reflexão muito profunda, e
eu lamento que a escassez do tempo não permita esta profundidade. Mas é preciso
que algumas questões se coloquem, eu estou absolutamente convencido – e acho
que isso aí é extensivo a qualquer cidadão pensante – que fora da educação o
Brasil não vai sair do atoleiro em que está metido, isto é a base do processo
de reconstrução nacional.
O Estado do Rio Grande do Sul, que foi erigido como Estado produtor de
bens primários, ele teria muito a lucrar se investisse no campo educacional de
nível superior, mas não para fabricar diplomas, o que o Estado do Rio Grande do
Sul deveria era destinar uma parte substancial dos seus recursos para investir
no campo universitário, mas principalmente no setor de pesquisa. O setor de
pesquisa é um setor que em nosso País vive aos trancos e barrancos, não há
decisão política de investir na pesquisa, porque a nossa dominação é tão
grande, é tão extensa que os setores alienígenas nos impõem esta política
desastrada de não investirmos em pesquisa. Agora há pouco, no primeiro
semestre, as universidades brasileiras estiveram em greve por trinta ou mais
dias, justamente para reclamar do poder central uma destinação maior de verbas
para manutenção das universidades federais. Esta greve ensejou uma discussão de
um procedimento que data de 1985. Quando, em 1985, o Ministro Marco Maciel foi
designado para o Ministério da Educação, ele constituiu na época uma comissão
de alto nível, destinada a perquirir o estado da educação superior no País.
Esta comissão produziu um trabalho que, por sua vez, deu origem ao famoso GERES
– Grupo de Estudos da Reformulação do Ensino Superior. Este grupo GERES
produziu um documento em que recomenda que a pesquisa no Brasil, através das
universidades, se dê apenas naquelas que já tenham desenvolvido pesquisas no
grau científico e tecnológico. Isto quer dizer que seriam cinco ou seis
universidades no País que teriam recursos para aplicar na pesquisa. As
restantes seriam transformadas em universidades teóricas, como temos várias
aqui, fabricantes de diplomas.
Ora, é preciso que esse País se dê conta de que não é apenas através do
ensino universitário que se vai deslanchar para o terceiro milênio. É através
de todo o processo educacional. Mas hoje, e aqui no Rio Grande do Sul, se
coloca uma questão concreta que é a possibilidade do Estado instituir a
Universidade do Rio Grande do Sul, como instituição do Estado. E isto teria uma
repercussão enorme, porque, este Estado que foi destinado a ser produtor de
bens primários, no terceiro milênio vai ficar numa posição subalterna, porque,
até através da tecnologia e da ciência que estão se desenvolvendo em ritmo
acelerado, a própria produção de alimentos vai ter uma influência enorme desses
setores científicos e tecnológicos. Se nós não nos ajustarmos a esta
modernização, nós vamos ficar parados no tempo e vamos ser engolidos mais
facilmente ainda do que já somos hoje. O Estado do Rio Grande do Sul
basicamente produz carne e grãos, então é mais do que necessário que se criem
condições para modernidade destes dois tipos de produção primária, para que o
Estado avance no processo de produção. Para que não só se baste a si mesmo,
como possa fazer com mais desenvoltura, com mais folgança, aquilo que lhe está
destinado hoje, de Estado essencialmente exportador de alimentos.
O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Lauro Hagemann, querendo concordar com a
orientação de seu discurso e procurando contribuir, é o seguinte: no nosso
ponto de vista é também a forma de fixar no Estado aquele conjunto de
formadores, que acabam sendo os pesquisadores, que por falta de opção no nosso
Estado, vão se fixar em São Paulo ou fora do País, definitivamente ou
eventualmente, tirando daquele conjunto da população, que contribui com
impostos para a formação destas pessoas, a capacidade de absorver,
posteriormente, a formação por eles conquistada e a pesquisa ser aplicada no
próprio Estado do Rio Grande do Sul .
O SR. LAURO HAGEMANN: Incorporo o aparte de V. Exª ao
meu discurso com muito prazer, até porque eu disse e faço este apelo para que
outros Vereadores, em outras ocasiões, abordem o mesmo tema, porque ele é
importante, não só para o Estado do Rio Grande do Sul, mas para Porto Alegre,
especialmente. Isto tem um desdobramento. Nós, a nível municipal, temos muito a
ver com isso, porque a sede da Universidade do Rio Grande do Sul está situada
em nossa Cidade. E ela, por sorte nossa, seria uma das contempladas neste
processo de distribuição maior de verbas para o prosseguimento das pesquisas.
Por contatos que temos mantido com a Direção da Universidade, sabemos do
interesse da Universidade Federal do Rio Grande do Sul na implementação cada
vez maior deste processo de desenvolvimento científico e tecnológico.
E devo dizer mais, o próprio Governo Municipal está em contato com a
Universidade do Rio Grande do Sul para o estabelecimento de um convênio para
atuar em diversas áreas deste tipo de procedimento. Ainda, na semana passada,
eu participei de uma reunião na Reitoria da Universidade, com o nosso
Secretário da Indústria e Comércio, com técnicos do Município, estabelecendo o
roteiro básico de um procedimento que desembocará, inclusive, no Pólo
Industrial da Restinga, num futuro Pólo de Informática, que são coisas com que
o Município deve, também, se preocupar. E está se preocupando. Isto tudo avulta
num momento em que o mundo todo está sequioso de desenvolvimento científico e
tecnológico, e nós não podemos ficar parados no tempo, sob pena de daqui a dez
anos, um pouco mais, sermos soterrados pelos acontecimentos, sem que tenhamos
reação possível e capaz para esta emergência. E vai acontecer, fatalmente.
Por isso, Srs. Vereadores, nós recebemos, há pouco, uma comissão de
estudantes que veio pedir apoio desta Casa para que a Assembléia considerasse
esta questão com a maturidade necessária ao momento que estamos atravessando.
Eu sei que não é uma empreitada fácil. Universidade custa muito dinheiro, mas,
se o Estado tem uma decisão política, ou se tiver uma decisão política de
investir neste campo, as gerações futuras ficarão agradecidas e reconhecerão o
esforço que se fizer hoje, para que este tipo de procedimento frutifique.
Por isto, eu acho que se deveria, a exemplo de tantas outras
intervenções na Assembléia Estadual Constituinte, dizer aos Srs. Deputados
Estaduais que levem em alta conta esta Emenda Popular, subscrita por cerca de
oito mil pessoas, pedindo a instituição da Universidade Estadual, que não chega
a ser uma utopia, porque existem universidades. Apenas o Estado teria o direito
de, ao instituir a sua universidade, orientar melhor a destinação do ensino
praticado nestas entidades. Eu tenho a impressão de que todos leram, domingo,
no jornal Zero Hora, um trabalho que se refere, exatamente, a instituições
particulares de ensino universitário. E o quadro, ali, é desolador, porque no
setor de pesquisa, não se fala absolutamente nada. Faz-se um aceno ao futuro,
quando as condições o permitirem. Agora, não se diz uma palavra sobre quando
isto seria possível. O Estado, como instituição maior, pode-se arrogar este
direito de intervir no processo e demarcar os limites que seriam necessários e
essenciais ao próprio desenvolvimento do Estado. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Leão de
Medeiros.
(Nota: O início do discurso do Ver. Leão de Medeiros não constou dos apanhados taquigráficos.)
O SR. LEÃO DE MEDEIROS: ... o eleitor, seu candidato, o
Deputado Lula submerge, lentamente, no mar da incompetência das administrações
ditas populares, e das táticas da CUT. A Central Única dos Trabalhadores está
de tal maneira confusa que suspendeu até a sua arma principal, a greve, numa vã
tentativa de fazer o seu candidato recuperar o terreno perdido. Lembro o
fulgor, o entusiasmo da Bancada do Partido dos Trabalhadores nesta Casa, nos
dois, nos três primeiros meses deste ano, nos quais através das manifestações
dos veículos de opinião pública, davam o PT como primeiro lugar. E hoje, já
dentro da realidade das administrações municipais, o candidato do PT
encontra-se em quarto ou quinto lugar nesta mesma verificação.
Concedo o aparte, com muita honra ao Ver. Gregol.
O Sr. Giovani Gregol: Nobre Vereador, alguns
comentários que eu não poderia deixar de fazer. Em primeiro lugar, o nosso
Partido, o Partido dos Trabalhadores não fez parte da farsa do Colégio
Eleitoral. Nós, na campanha pelas eleições diretas denunciamos o Colégio como
espúrio – como outros partidos denunciaram – e nós somos coerentes, nós não
fomos ao Colégio Eleitoral. Inclusive foi feito um plebiscito entre os filiados
do Partido a nível nacional, V. Exª sabe disso e dois ou três parlamentares que
desrespeitaram a vontade das bases do Partido, expressas democraticamente,
foram expulsos. Portanto, ao PT não cabe esta acusação, não procede.
O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Nem esta acusação, Ver. Gregol,
eu pretendi fazer. Eu disse que o PT se atrelou ao movimento das Diretas Já e
foi coerente e até hoje estamos pedindo as Diretas Já, porque não chegou ainda
o momento da eleição. E não quiseram as eleições diretas.
O Sr. Giovani Gregol: Não aceitamos as eleições indiretas,
fomos fiéis ao compromisso com a população. E completando o meu aparte, eu
queria lhe dizer o seguinte: que V. Exª afirmou que a população pune aqueles
que não cumprem com os seus compromissos ou que não administram bem. Assim eu
entendo que fez com o seu Partido também, julgou o PDS. Basta ver, por exemplo,
V. Exª fala de Luiz Inácio Lula da Silva, eu lembro dos índices de Paulo Maluf,
que já foi derrotado para tudo neste País. E conseguiu ser Governador biônico,
mas já foi derrotado para tudo, para Prefeito de São Paulo, pelo meu Partido,
no ano passado, no Município de São Paulo. Foi derrotado para Governador em
1986 e será derrotado agora para Presidente. Portanto, em termos de julgamento
popular fica difícil, realmente, V. Exª comparar. E de fato eu quero em parte
concordar. O nosso Partido sofre o ônus de ser poder? Sofre, todo o partido
sofre. Há problemas? Há. Nós temos quatro anos e certamente vamos deixar nossa
administração, como já estamos deixando, exemplo de boa administração, de probidade
administrativa e de governo feito em função da vontade dos interesses,
principalmente da maioria da população e não das minorias.
O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Ver. Gregol, gostaria de receber
o mesmo tempo de aparte quando V. Exª estiver na tribuna.
O Sr. José Alvarenga: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, procurarei ser bem breve. Agora em agosto,
nos dias 4, 5 e 6 eu participei, licenciado aqui na Câmara Municipal, da
Plenária Nacional da CUT. Esta Plenária prepara, exatamente, para o segundo
semestre das campanhas salariais adequando a pauta de reivindicações dos
trabalhadores do Sindicato dirigido pela CUT à provável hiperinflação que
assolará a economia brasileira. Estamos reivindicando reajuste semanal de
trabalho e pagamento semanal, e preparando uma nova greve geral para antes das
eleições, caso a hiperinflação se estabeleça ou caso o Governo Federal baixe um
novo pacote. Então, só gostaria de lembrar a V. Exª, e tenho certeza que V. Exª
já conhecia estes fatos, mas tentando fazer V. Exª refletir melhor sobre o que
V. Exª afirmou, de que a CUT está tentando deter as greves. Pelo contrário, a
CUT continua como antes dirigindo e impulsionando os trabalhadores para a
melhoria do seu nível de vida.
O SR.
LEÃO DE MEDEIROS: Agradeço o aparte de V. Exª e me
conforta saber que está atenta e vigilante a Bancada do PT. Mas isto não impede
que eu continue com a minha apreciação. E digo mais, Ver. Gregol, esta Casa, o
meu Partido, o PDS tem sido até generoso e tolerante com a Administração
Popular do PT. Pessoalmente, tenho aguardado os primeiros resultados da
administração dita popular, mas os indícios, efetivamente, não são animadores.
Lançou-se o PT na inglória intervenção no transporte coletivo, sem
contar com pessoal preparado, devidamente, para uma operação tão delicada. Os
colaboradores trazidos pelo PT à Prefeitura terão, talvez, um bom preparo
ideológico, mas nenhuma experiência administrativa no campo do serviço público.
Os funcionários efetivos da Prefeitura têm certamente uma enorme experiência
acumulada, como também têm experiência os funcionários executivos das empresas
de transporte coletivo, mas o PT não confia em sua ideologia. E tem razão o PT.
A recente eleição para o Sindicato dos Funcionários Municipais resultou em uma estrondosa
derrota da Administração Popular. A primeira e muito importante derrota da
Administração Popular em um debate eleitoral, democrático, em dois turnos.
Em conseqüência, a intervenção vem sendo um desastre e o PT prossegue
como rato em guampa: quanto mais avança, mais se aperta. De três ou quatro
meses de intervenção, da Administração Popular não recolheu aparentemente
qualquer informação capaz de justificar ato tão radical. Se recolheu, não
apresentou, a não ser que vai gastar mais três ou quatro meses em enfadonhas
reuniões para tabular os dados já prometidos.
Depois da dramática e quixotesca atitude, a Prefeitura começa a devolver
as empresas a seus proprietários. O eleitor acompanha atentamente isso,
literalmente estarrecido. Mas não bastasse a intervenção operacional, a
Administração dita popular empenha-se, por razões não sabidas, em
transformar-se, agora, em guichês de vendas de fichinhas de vale-transportes.
Como se agora a intervenção econômica na venda de passagens deva resultar na
solução do grave problema do transporte coletivo de Porto Alegre. No vezo
intervencionista, a Prefeitura vai com tal gana ao pote que terminará
certamente por quebrá-lo, ou pelo menos dar tempo a sua própria
Procuradoria-Geral de meditar sobre suas surpreendentes atitudes. O corpo
jurídico da Prefeitura é competente, mas está sendo atropelado pela
Administração do PT. A batalha é cada vez menos favorável à Prefeitura, Srs.
Vereadores.
Nessa semana, ainda, mais um aumento, ou melhor, vários aumentos no
transporte coletivo. A Administração Popular tomou conta da última página do
Diário Oficial do Estado: fixa novas tarifas para veículos de transporte
escolar; adota a Unidade Taximétrica; fixa tarifa nova para ônibus, 45
centavos; fixa novos preços para a hora-serviço dos veículos locados; fixa
novos preços para as linhas de lotação; aumenta as contas de água e esgoto; e
aumenta a tarifa de táxi comum e de táxis especiais da linha do aeroporto. Eu
faço referência a tais aumentos, não para condená-los simplesmente. Eu destaco
esta cascata de aumentos apenas para lembrar que, há oito meses atrás, o PT,
ainda não Administração Popular, era sistematicamente contra qualquer aumento,
até porque as empresas teriam algumas “gordurinhas” a queimar. E agora? Será
que os interventores municipais queimaram todas as “gordurinhas” dos
empresários de ônibus?
Ainda a respeito da intervenção, mais um detalhe que não deve passar
despercebido neste momento: quanto custará ao contribuinte de Porto Alegre a
aventura municipal nos transportes coletivos? Quando terminar a intervenção, e
convém que termine o mais cedo possível, será feito um balanço. Quanto pagará
cada um de nós, os contribuintes, pela experiência socialista do PT?
O balanço social, e mais, o balanço eleitoral da Administração Popular
deverá levar ainda em consideração a política referente ao funcionalismo
público. Até o fim do exercício de 1988, greves sobre greves abalaram a
Administração do PT. Algumas destas greves chegaram ao paroxismo do ataque
pessoal ao Prefeito e aos Secretários de então, em busca do aumento de salários
e da reposição de salários. Agora, o que vemos? Vemos a Administração Popular,
que geriu as greves de 1987 e 1988, praticando o achatamento de salários no
Município, sonegando informações idôneas sobre a real percentagem aplicada na
retribuição pecuniária ao funcionalismo. O PDS, através de seu Líder, já
denunciou a prática infeliz dos cálculos insuficientes.
Para concluir, a Administração Popular deve ao contribuinte, ao eleitor,
aos munícipes informações detalhadas sobre o comportamento da arrecadação,
sobre as conseqüências da intervenção no transporte coletivo, sobre os
critérios – até agora nebulosos – sobre o aumento das tarifas dos serviços
públicos e do próprio transporte coletivo, sobre o pagamento do funcionalismo
municipal. Deve, a Administração Municipal, contas sobre a aplicação da receita
havida, que é muito superior à alegada, segundo técnicos municipais. Deve, a
Administração Popular do PT, respostas límpidas, claras e objetivas à população
de Porto Alegre, sobre sua atuação na Prefeitura Municipal ao longo de oito
anos. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Comunicação de Liderança. Ver.
Wilson Santos, pela Bancada do PL. Cinco minutos, sem apartes.
O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
a escalada da morte no trânsito é algo estarrecedor. Não somente as mortes, mas
as mutilações é algo que espanta quem incursiona, às vezes, como eu tenho feito
ultimamente, numa aderência mais próxima com esta verdadeira tragédia. E eu
tenho assistido a selvageria dos condutores de veículos que, como nós, são
seres humanos e que não se deram conta, ainda, de que isto é uma calamidade
provocada pelo ser humano contra o próprio ser humano. Eu já fiz um documento
ao DNER e ao DAER e, apesar de saber de antemão a resposta, quero-a no papel.
Eu quero saber qual a estrada, sob jurisdição do DAER, que permita velocidade
superior a 80 km. Sei que não existe nenhuma, mas quero saber também as razões
por que é permitido mais de 80 km. Porque não existem condições técnicas
possíveis de segurança para se andar a mais de 80 km em nenhuma estrada
estadual.
Estou fazendo, também, um documento ao DNER pedindo que me informe qual
estrada sob sua jurisdição que permita velocidade superior a 80 km. E quero
anunciar a esta Casa que vou lutar com muita veemência, pois estou convicto de
que estou certo, de que devemos caminhar em direção à indústria nacional,
porque é inadmissível que se projetem, que se fabriquem carros que permitam
velocidades de 200 km horários. Para andar onde? Sai manchete no jornal que a
empresa tal está produzindo um carro que permite velocidade de 200 km horários.
Eu pergunto: que realidade é essa? Nós temos que viver é a realidade
brasileira. Cinqüenta mil pessoas morrem no Rio Grande do Sul, por ano, vítimas
do trânsito. Isso é uma verdadeira chacina! No Brasil é incrível o número de
mortos e de aleijados que temos em função da alta velocidade. É impressionante
a estatística cuja causa de morte e de danos às pessoas é a alta velocidade.
Eu, que utilizo a auto-estrada para me desviar do congestionamento do trânsito,
porque moro no Sarandi, fico impressionado com o número de caminhões e jamantas
a 120, 130 km horários, e vejam a estatística só nesse trecho de quantas mortes
e danos materiais têm ocorrido. Então, eu pretendo fazer um estudo que vai
desaguar numa legislação federal, porque eu vou querer dos legisladores
federais, e aí eu vou estar contrariando, talvez, aquilo que nós preconizamos
de liberdade. O meu partido defende a liberdade, mas a liberdade com
responsabilidades, não a libertinagem, licenciosidade, a anarquia que está
virando o trânsito neste Brasil e que só com aquilo que nós queremos proibir
teremos que proibir, porque é uma maneira de defender a sociedade brasileira,
por exemplo impedir que a fabricação de veículos nacionais exceda a 100 km,
limite máximo de fabricação. É a idéia deste Vereador, no máximo 100 km deverá
constar no velocímetro, porque já não é permitido andar a 80 km, mas podendo
até admitir 100 km. Agora, carros fabricados para correr 150, 180, 200 km é um
absurdo, é uma incoerência, é o que eu sempre digo, o avesso, do avesso, do
avesso. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Passamos às
A palavra com o Ver. Dilamar Machado, pelo espaço de dez minutos.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o Prefeito Olívio Dutra, nos últimos dias, segundo as televisões e
os jornais da Cidade, tem se reunido com muita gente para expor de forma transparente,
como costuma ser a Administração de S. Exª, o plano semestral de Governo da
Administração do PT, que na realidade não seria semestral, seria de quatro ou
cinco meses e meio, mas, de qualquer forma, é um plano de governo. Ainda ontem
eu assisti ao Prefeito, sorridente, reunido com a Direção da RBS, empresa tão
acusada na tarde passada pelo Ver. José Valdir de estar discriminando o Partido
dos Trabalhadores. Mas lá estava o Prefeito no Salão Nobre da Rede Brasil-Sul,
reunido com o Dr. Jaime Sirotsky, Dr. Nelson Sirotsky, Dr. Fernando Corrêa,
expondo aos Diretores da RBS o seu plano de governo para este segundo semestre
de 1989.
Também, o Prefeito tem ido a outros locais, e eu pergunto à Bancada do
PT, e os colegas do PT já conhecem o projeto do Prefeito, os Vereadores do PT
já tiveram a gentileza do Prefeito Olívio Dutra de recebê-los para dizer: “Olha
aqui, companheiros, estou aqui troteando rumo a determinados projetos”. Porque
esta Casa, efetivamente, não recebeu nada, nenhuma palavra, a Câmara Municipal
de Porto Alegre parece que não existe para o Prefeito Olívio Dutra e para a
Administração do Município. Aqui não se discute nada em matéria do que fazer,
aliás, fui surpreendido quando encaminhei um Pedido de Informações ao
Executivo, pedindo uma cópia do plano de governo do PT, tinha o maior interesse
como Vereador da Cidade em saber o que pretende a Prefeitura, até para, dentro
da Casa, nos organizarmos, votarmos os projetos de interesse da Administração e
ajudarmos, efetivamente, o Partido dos Trabalhadores a deslanchar, a fazer uma
administração que alcançasse a toda a Cidade. O que recebi, confesso que fiquei
com vergonha, não de mim, vergonha da Prefeitura, vergonha da Administração,
vergonha do status de um Partido que assume o Governo e que, efetivamente, não
tem um projeto, não tem um plano de governo. Mandaram-me três ou quatro xerox
de relatórios nem assinados por Secretários, por assessores.
O Sr. José Valdir: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Só para fazer um reparo a sua colocação de que
denunciei, na tarde de ontem, e de fato denunciei, mas parece que há uma leve
insinuação, quero deixar bem claro que, segunda-feira, num contato do Olívio
com o Renato Ribeiro, Diretor-Presidente da Caldas Junior, confirmou que havia
de fato a censura, e a denúncia que fiz foi baseada não em informações do PT e
sim neste boletim que ontem apresentei da tribuna, do Sindicato dos
Jornalistas, Radialistas, cujo título é: “Censura volta à imprensa”. Está
fartamente noticiado aqui. E a censura não afeta apenas ao PT, conforme está
denunciado aqui, embora não cite qual o parlamentar, mas também um parlamentar
do seu Partido, o PDT.
O SR. DILAMAR MACHADO: Ver. José Valdir, trabalhei 23
anos da minha vida dentro de rádio, jornal e televisão, não há censura que
segure notícia, Vereador, só não sai no jornal o que não é notícia; não aparece
em televisão quem não é notícia. A visita do Prefeito ao Dr. Jaime Sirotsky é
notícia. Hoje está no jornal Zero Hora a fotografia dos dois sorrindo e, ontem,
às 20 horas, para todo o Rio Grande apareceu o Prefeito, lá, entregando o plano
de governo do Município de Porto Alegre para a RBS. O que pergunto a Vossa
Excelência: será que a RBS tem mais importância para o Prefeito Olívio Dutra
que a Câmara Municipal de Porto Alegre? Porque esta Casa não recebe nada, nem
uma palavra, nem uma sugestão.
O Sr. Wilson Santos: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Inclusive quero me congratular com o enfoque que V.
Exª dá, que é muito oportuno. Tenho condições de fazer este atestado, até
porque, há pouco, escrevia um Voto de Congratulações à Administração da Frente
Popular, com o Prefeito Olívio Dutra, em relação ao compromisso público
assumido de que até o fim do ano começa a construção do parque da Zona Norte, porque
esta é uma aspiração antiga, e com um matiz tão forte e que vem ao encontro da
zona em que tenho uma base representativa muito forte. Mas a tristeza é o
enfoque que V. Exª deu, pois vim tomar conhecimento pelo jornal. Inclusive,
ensejei a ida do Prefeito Olívio Dutra e uma reunião no Rotary Club, com uma
representatividade do Bairro Sarandi. Tenho pautado minha conduta em permitir
que a Administração, que também criticamos, mostre também as coisas boas. E lá
não houve uma palavra do Prefeito, o que seria um gol de placa. A bola estava
quicando. E vim saber pela imprensa. Vou manter o Voto de Congratulações e irá
porque ele é sincero, é honesto. Mas fico a lamentar que não estejamos
informados do que a Prefeitura faz.
O SR. DILAMAR MACHADO: O aparte de V. Exª me socorre,
pois efetivamente a notícia da implantação do parque da Zona Norte é manchete
da primeira edição do jornal Zero Hora–Zona Norte, desconsideração com a Câmara
de Vereadores, com V. Exª Ver. Adroaldo Corrêa, com o Ver. José Valdir, com o Ver.
Décio Schauren, com o Ver. Gregol, com o Ver. José Alvarenga, com todos desta
Casa. Não vi até hoje um Vereador do PT vir a esta tribuna reclamar um parque
na Zona Norte. O Prefeito não manda nada nesta Casa a respeito do tal parque da
Zona Norte. Mas, na primeira edição de ZH da Zona Norte, a manchete é: “Sairá o
parque da Zona Norte”.
O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, nós temos, desde a campanha eleitoral de
1988, temos a reivindicação do parque da Zona Norte, em nossos documentos.
Sabemos que é reivindicação da Cidade e lutamos por isso. Queria dizer duas
questões objetivas em relação a sua intervenção. A Câmara tem, na sexta-feira
pela manhã, agendado que aqui o
Prefeito virá para fazer a exposição, não do plano de governo, porque não foi
isso que foi levado à RBS ou a qualquer outro setor, mas a divulgação do debate
público do Orçamento municipal. Ontem, quando V. Exª, às 8 horas, ouvia o
noticiário da televisão, levado a todo o Rio Grande do Sul, o Prefeito estava
na Zona Norte, no Bairro Rubem Berta reunido com 350 pessoas, dirigentes
comunitários, expondo esses documentos. As agendas estão sendo relacionadas, a
Câmara de Vereadores está sendo chamada a participar. A outra questão, eu sou
profissional de imprensa como V. Exª e sei, talvez minha experiência seja
diferente da de V. Exª, mas sei que há censura sim, mesmo quando é notícia, a
informação é manipulada pelo proprietário do meio de comunicação. Isso não é
tese, isso é verdade.
O SR. DILAMAR MACHADO: Eu não disse a V. Exª que não há
censura, Vereador, também não sou um homem tão desatento à vida do meu País que
não vá saber que existe censura, sempre existiu e vai existir. O que eu disse é
que a notícia não resiste à censura. Quem é notícia, com censura ou sem
censura, acaba sendo projetado. O fato do Governo do PT, depois de sete meses
resolver apresentar um plano de governo, de trabalho, é notícia, tanto que saiu
às 8 horas na RBS TV e saiu na “ZH” de hoje.
O Sr. Leão de Medeiros: Vereador, esse assunto de
censura é muito relativo, eu não sou profissional da área de imprensa, mas sou
um leitor inveterado, inclusive dos jornais do PT, e leio todos eles. E nem eu,
nem o senhor somos citados no jornal do PT; e somos notícia, V. Exª é notícia.
Isso não seria censura?
O SR. DILAMAR MACHADO: A lembrança do Vereador é
correta, agora vamos convir que o Jornal do PT é o jornal da Administração do
PT. Até é razoável. Acredito que o dia em que eu sair no Jornal do PT será por
alguma coisa não muito agradável.
O que eu faço é um apelo aos Vereadores do PT, o Ver. Adroaldo já
antecipa que o Prefeito virá aqui, agora, não sei onde será o parque da Zona
Norte, não tenho a mínima idéia, porque esse assunto não foi discutido nesta
Casa. Mas já está decidido, então, pelo menos nesse caso, pelo menos não houve
a famosa consulta às bases, a participação de todos, nem a transferência. Está
resolvido, o Prefeito virá comunicar uma resolução, não virá discutir com a
Casa. Isto é muito ruim, antidemocrático e não soma para uma administração
jovem, voluntariosa, mas até agora estagnada e profundamente equivocada. Muito
obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito em
Comunicações, Ver. Décio Schauren.
O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, antes de entrar no assunto propriamente dito, eu quero repetir que
há censura sim, e quero só lembrar um fato, que foi o do “Câmera Dois”, na
sexta-feira, quando o Dep. Fortunati começou a falar entraram os “nossos
comerciais”, simplesmente foi cortada a fala do Dep. Fortunati. É censura sim,
e quero também dizer ao Ver. Leão de Medeiros, que se referiu aos critérios
nebulosos da Administração Popular, que os critérios da Administração Popular
são bastante transparentes, inclusive pela primeira vez uma administração vai
discutir com tamanha abrangência a questão do Orçamento do próximo ano. Eu
quero dizer que critérios nebulosos são os que foram adotados pela ditadura
para perseguir os trabalhadores. Esta ditadura que V. Exª defende.
O fato que me leva a esta tribuna é o que os jornais divulgaram no dia
1º de agosto, a notícia que mais uma vez militantes, trabalhadores rurais e
sindicalistas da CUT, da CPT e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra
foram enquadrados na Lei de Segurança Nacional. O motivo alegado pela Polícia
Civil de Minas Gerais e pela Polícia Federal é o mesmo de outras épocas:
incitamento à prática de crime de guerrilha rural. Quanto ao crime, é sempre o
crime da luta pela terra, considerado crime por aqueles que geralmente se
protegem sob o manto do latifúndio e da UDR, esta sim uma entidade criminosa,
responsável direta e indireta por violências cometidas contra os trabalhadores
rurais, desde a morte de Chico Mendes ao Massacre da Santa Elmira, aqui no Estado.
Mais uma vez a odiosa Lei de Segurança Nacional, resquício do entulho
autoritário da ditadura militar, é acionada para reprimir o movimento da classe
trabalhadora. Mais uma vez o Governo Sarney demonstra de que lado está, a quem
favorece e qual seu verdadeiro conteúdo de classe. Enquanto estes dirigentes
sindicais são enquadrados na Lei de Segurança Nacional, que a maioria
retrógrada da Constituinte Federal manteve intacta, esperamos a solução e
punição dos crimes que vitimaram tantos trabalhadores e parlamentares ligados
às lutas populares, como Paulo Fonteles, do PC do B, João Batista, do PSB e
Chico Mendes, do PT.
Enquanto a corrupção e os especuladores, como Nagi Nahas, seguem saqueando o País na sombra da impunidade, centenas de trabalhadores rurais são assassinados no campo. Desde a Nova República, 698 trabalhadores rurais já foram assassinados. E onde estão os assassinos? Como podem se defender, humildes e desarmados trabalhadores rurais dos bandos armados pelo latifúndio? O movimento popular sabe quem são os mandantes, só este ilegítimo governo e seu poder judiciário, atrofiado e subjugado pelo poderio do capital, faz de conta que não sabe.
Enquanto isso nove militantes da CUT e do MST são enquadrados na LSN em
Unaí e Teófilo Otoni, em Minas Gerais. Se esta comédia não fosse uma verdadeira
tragédia, mais este fato poderia passar desapercebido. A denúncia destes atos
arbitrários e a apuração dos mandantes destes crimes deve ser tarefa permanente
do movimento popular, das forças progressistas e democráticas.
Os conflitos pela terra só serão resolvidos pela implementação da
Reforma Agrária, ampla e sob controle dos trabalhadores da cidade e do campo e,
também, pela mudança do atual modelo agrícola, que é voltado para a exportação
e que é antiecológico, tarefas às quais a Frente Brasil Popular se propõe a
implementar. Por outro lado, a Frente Brasil Popular preconiza o fim de todo
entulho autoritário como a Lei de Segurança Nacional e o SNI, instrumentos
criados no bojo da doutrina de segurança nacional para combater o “inimigo
interno”, isto é, o povo e as lutas populares. Esse, na verdade, era o
verdadeiro sentido da Lei de Segurança Nacional: combater o povo e as lutas
populares. Somente com medidas, as preconizadas pela Frente Brasil Popular, ou
seja, a implementação de uma verdadeira Reforma Agrária e o fim do entulho
autoritário, somente com estas medidas é que fatos, como o ocorrido
recentemente em Minas Gerais, jamais voltarão a acontecer. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito em
Comunicações é o Ver. Artur Zanella.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu pretendia e pretendo falar novamente sobre o Distrito Industrial
da Restinga, mas não poderia me furtar de fazer um comentário sobre as
afirmações dos integrantes do PT e, há pouco, do Ver. Décio Schauren, que o PT
está sendo discriminado pela imprensa e que suas notícias não são publicadas.
Creio que os Vereadores e os Deputados do PT não devem estar lendo os jornais
ultimamente, porque metade das notícias que eu leio são notícias sobre o PT,
sobre os seus Deputados, sobre o seu Prefeito, que aparece, hoje, sorridente,
em todas as páginas dos jornais, levando aos Diretores e Presidentes das
entidades jornalísticas o programa de governo da Prefeitura de Porto Alegre
para o segundo semestre. É uma pena que não tenha vindo para os Vereadores,
assim como já não veio o do primeiro semestre. Mas, como o disse há poucos dias
o Vereador, hoje Secretário do Planejamento, devem estar reclamando de
faceiros, porque eu nunca vi alguém com tanta cobertura como esta. Há poucos
dias li uma prévia em que os jornalistas votavam para a Presidência da
República e o Sr. Lula ganhou por quase o dobro dos outros, demonstrando que a
maioria dos jornalistas, ao menos dos que votaram naquela prévia, eram do PT.
O Sr. José Valdir: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Só para que fique bem claro, como V. Exª costuma
dizer, a nossa crítica, ontem no Plenário, e em todas as situações, é uma crítica
não aos trabalhadores, aos jornalistas, mas à direção da empresa, porque quem
tirou o Fortunati do ar não foi nem o produtor do programa, foi a direção da
empresa. E quem está dizendo e fazendo a denúncia é o Sindicato dos
Jornalistas. Que isto fique bem claro. Eu tenho aqui o panfleto de denúncia. É
o Sindicato que está dizendo e não é só contra o PT, é também contra o PDT. Eu
me surpreendo do Dilamar dizer que não há censura, quando o Brizola está todos
os dias nos meios de comunicação fazendo críticas à Rede Globo.
O SR. ARTUR ZANELLA: Também faz críticas de faceiro,
porque aparece em todos os jornais.
Mas o PT, ainda por cima é ingrato, porque no jornal Correio do Povo,
que é a Companhia Jornalística Caldas Júnior, que controla a TV Guaíba, o
Câmera 2, aparece lá o Dr. Olívio Dutra levando o seu plano de governo para
este segundo semestre, que depois terá analisada, com mais vagar, aquela série
de declarações, de intenções. Mas, no plano que li nos jornais, não recebi,
fala em tudo, fala em concerto de rock na avenida, fala em tudo, menos na
promessa que o Sr. Prefeito Municipal fez de, em 90 dias, resolver o problema
do distrito industrial. Promessa que ele fez porque quis, ninguém o obrigou,
ninguém pediu prazos, nem datas, ele espontaneamente, não sei se orientado por
seus assessores, mas disse que, em 90 dias resolveria. Por sinal, para os
quatro atentos Vereadores do PT, gostaria de lembrar que informassem ao
assessor que passou o papel ao Sr. Prefeito, que os projetos que S. Exª alega
que a CIENTEC vai fazer, não devem ser da CIENTEC, porque a CIENTEC não faz
projetos, provavelmente estivesse se referindo a CEDIC, esta sim, uma entidade
que faz projetos. Então, fazendo esta lembrança, e talvez uma orientação ao
senhor assessor do Sr. Prefeito Municipal, gostaria de, vou reiterar, repito,
ver o Distrito Industrial da Restinga incluído no programa do Sr. Prefeito
Municipal para o segundo semestre. E também vi o Ver. Décio Schauren reclamando
contra o entulho autoritário da legislação, mas vejam, Srs. Vereadores, que
todos os vetos do Sr. Prefeito Municipal baseiam-se em determinações desse
entulho autoritário: todos os vetos que aqui chegam é a mesma coisa, o
Executivo pode tudo, o Legislativo não pode nada. E, inclusive, o último, sobre
questões da Vila Restinga, feito pelo Dr. Perin, chega a ser ridículo a ponto
de dizer que um projeto aprovado por esta Câmara, por iniciativa desta Câmara,
mesmo sancionado pelo Prefeito Municipal, é inconstitucional. Vejam a que ponto
chega o exagero desse Executivo, que tudo quer, e não quer nada com a Câmara
Municipal de Vereadores.
Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estou aqui para solicitar que as
Lideranças da Casa, não quero fazer isso sozinho, e não sei se já foi feito, se
dirijam à Caixa Econômica Federal, todas as Bancadas, não somente por uma
iniciativa de um Vereador, isoladamente, para protestar contra o corte que foi
feito no crédito educativo da Caixa Econômica Federal. Acho que a Casa deve-se
manifestar como um todo. Eu até poderia fazer isso. Publicar nos jornais, se é
que publicariam, pedindo que este crédito educativo não seja cortado, não seja
encerrado. Mas eu creio que mais importante do que a manifestação individual de
um Vereador seja a manifestação de todas as Lideranças da Casa, do seu Presidente,
porque está-se fazendo um crime com a mocidade.
Concedo o aparte ao Ver. Clóvis Brum, tanto pelo que ele representa,
pelo que ele disse.
O Sr. Clóvis Brum: Nobre Vereador, é de todo
louvável a iniciativa de V. Exª abordar um assunto desta profundidade e deste
interesse. Mas hoje, ouvindo o programa “Atualidade”, foi colocado no ar um dos
responsáveis pela Caixa Econômica Federal, e na verdade o que ocorreu foi uma
desinformação da própria Caixa, porque a mensagem do Executivo Federal já foi
retirada do Congresso, já foi retirada a mensagem, houve falha do Governo no
sentido de retirar este direito dos estudantes. Esta mensagem já foi retirada e
a Caixa informou, hoje, e tranqüilizou de viva voz, o Diretor da Caixa, que
este problema estava resolvido, porque a Caixa estava desinformada, não sabia
que já havia sido retirada esta mensagem. Eu só quero tranqüilizar V. Exª neste
sentido, porque eu também fiquei tranqüilo a partir do momento em que eu ouvi
do Dep. Federal Mendes Ribeiro e do Diretor da Caixa esta informação, hoje pela
manhã. Eu agradeço a V. Exª e me parabenizo com V. Exª pela iniciativa de
abordar este assunto.
O SR. ARTUR ZANELLA: Mas então não é o responsável
pela Caixa, é o irresponsável, então. É o irresponsável, porque o País inteiro,
há dez dias, só fala nisso, em termos de entidades estudantis e hoje ele
descobre que não há este tipo de coisa.
Verª Bernadete Vidal, com prazer e orgulho, concedo-lhe o aparte.
A Srª Bernadete Vidal: É que, Vereador, este foi um
gesto político da Caixa e, aliás, a gente pode entender, porque de repente o
Congresso Nacional, por pressão dos aposentados e da Previdência, resolveu
canalizar todos os recursos das loterias para a Previdência e esqueceram que o
caminho é a educação, porque com mais educação, nós poderemos dar menos
previdência ou previdência justa, pelo menos.
O SR. ARTUR ZANELLA: Eu tenho, inclusive, na minha
residência, a filha da senhora que trabalha lá conosco que está na universidade
com o crédito educativo, e ela estava disposta a abandonar a faculdade, o que,
evidentemente, não ocorreria porque tomaria outras providências, mas seria um
crime, já que o senhor responsável pela Caixa desmente este tipo de coisa que é
publicado há dez dias em todos os jornais do País, diga-se de passagem. Mas, se
está desmentindo, eu me tranqüilizo também junto com o Ver. Clóvis Brum e peço
que a Mesa e as Lideranças fiquem atentas para ver se, efetivamente, ocorrerá
isso aí. E lembro que estes Deputados do PMDB, etc. têm acesso à imprensa, o
que não ocorre, ao que parece, com os nossos aguerridos representantes do PT,
que reclamam do excesso de espaço e de tempo que aqueles têm.
O Sr. Clóvis Brum: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Só para lembrar V. Exª que quando me referi ao Dep.
Mendes Ribeiro, também me refiro ao apresentador do programa da Rádio Gaúcha,
foi no programa “Atualidade”.
O SR. ARTUR ZANELLA: Que é um Deputado atuante do
PMDB, que segue religiosamente os ditames do Partido. Sou grato.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Adroaldo
Corrêa, por cessão de tempo do Ver. Lauro Hagemann.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, quero agradecer, no início deste espaço, a cedência do tempo pelo
camarada Lauro Hagemann – comunistas se tratam por camaradas – e gostaria de
fazer uma referência também ao crédito educativo, e não sei se procede, e folgo
em saber a procedência da informação de que foi apenas um equívoco da Caixa
Econômica Federal, de um administrador que teria interpretado além do que
deveria a interpretação do Governo, ou se o equívoco está no próprio Governo em
retirar toda a verba, como salientou a nobre Vereadora para a orientação dos
fundos das loterias aos aposentados. Mesmo assim, cabe o registro de que os
universitários, nesta situação, já estavam se mobilizando e estão, pois se não
for verídica a contra-informação e, portanto, a reposição dos fatos, nós
teremos que fazer uma luta que seguramente envolverá esta Câmara também, em
apoio a 125 mil mais 20 mil estudantes universitários deste País, que são
trabalhadores na sua grande maioria e, portanto, necessitam financiar de alguma
forma o seu ensino e que, se recorrem ao crédito educativo, uma das poucas
instituições que se não é do Estado a competência pela educação no nível
superior, é porque o Estado não assume esta responsabilidade no conjunto, mas é
obrigação, e este financiamento é utilizado, na maioria, por estudantes
trabalhadores. Então, somos solidários e teríamos a iniciativa, nesta tribuna,
de fazer essa intervenção se não tivesse sido feita anteriormente, para
registrar que os estudantes da FAPA, ontem à noite, organizaram uma comissão
para procurar apoio na instituição parlamentar, e nos diversos níveis em que
pudessem encontrar esse apoio, para denunciar esta verdadeira aberração que se
faz contra o ensino daqueles que não têm posses e pela impossibilidade de
financiar os seus estudos.
Do nosso ponto de vista em outro
assunto, nós queríamos repor, aqui, a informação inicial que até gerou o
posicionamento do Sindicato dos Jornalistas, Radialistas e Administrativos
sobre a questão do noticiário e os parlamentares do Partido dos Trabalhadores e
alguns outros de outros partidos, na elaboração do processo da Constituição
Estadual, que foi isto que foi referido e que está sendo censurado, e o objeto
da censura materializou-se exatamente após o posicionamento da Bancada do
Partido, em relação aos desejos, dos proprietários dos meios de comunicação,
conquistados, inclusive, na Assembléia Estadual de estar isentos de ICMS. A
Bancada do Partido dos Trabalhadores foi contra, se posicionou contrariamente à
isenção e isso foi registrado em todas as intervenções desses parlamentares,
tanto em notas à imprensa como em discurso da tribuna, e estas posições não
apareceram em qualquer veículo de comunicação deste Estado. Não há registro
oficial dessa posição, a não ser nos Anais da Assembléia e, objetivamente, no
documento tirado pelos parlamentares da Bancada e distribuído à população,
obviamente sem o nível de penetração de uma subsidiária de um sistema, embora
não economicamente, mas subsidiária na programação que detém o monopólio, senão
o monopólio, a maioria do mercado de informação neste Estado e pelas demais que
a seguiram sim, inclusive com objetiva e clara afirmação do Diretor do Jornal
Correio do Povo, do proprietário da empresa de que isto era um gesto definido
naquela empresa.
Obviamente nós somos lutadores da liberdade de informação como um
direito, considerando um direito da cidadania. Como trabalhadores da comunicação
sabemos que isto é uma luta, é uma bandeira a conquistar na sociedade, temos
clareza de que esse direito é uma conquista sem a qual não há possibilidade de
a sociedade regular a sua convivência, na medida em que o que existe hoje é,
objetivamente, todos sabem como se dá a nível nacional, todos protestam
unissonamente em relação ao monopólio da Rede Globo ou como se dá a propriedade
de definição das informações. A propriedade dos meios de comunicação existe e
isto define objetivamente por onde passam os caminhos editoriais. É impossível
supor que sem a garantia constitucional de possibilitar a estabilidade e a
existência efetiva de conselhos de redação que tratem a definição da linha
editorial que, eventualmente, a liberdade de informação não venha a ser cerceada.
Obviamente os jornais, a TV, o rádio necessitam de estar justificados diante da
população e fazem sim um noticiário que supõem-se variado, eclético e que tem,
na maioria das vezes, o conjunto das posições existentes na sociedade. Quando
se trata do interesse fundamental dos proprietários ou do interesse fundamental
que esses proprietários defendem, não é de hoje, não é porque não exista mais a
censura política do regime que se imponha pela via ditatorial, que não exista a
censura. Existe, e essa foi uma das formas negociadas na transição do regime
militar para a via da Nova República.
E aqui, em Porto Alegre, se registrou um desses episódios, em 1980,
quando proprietários de meios de comunicação foram chamados ao Comando do 3º
Exército para discutir linha política editorial de rádio, televisão e jornais
em nosso Estado. Dois meses depois se modificou em profundidade a linha
editorial de uma das principais emissoras de rádio da Cidade, episódio no qual
estivemos objetivamente envolvidos e que, no período, se tinha como uma das
principais emissoras de informação, com conteúdo informativo de interesse e
participação popular na programação, o que foi completamente modificado: Rádio
Gaúcha, 1980. Pudemos ver o episódio da greve de setembro e a redução daquela
que era uma redação que tinha, sim, o objetivo da participação e da informação
populares, e que acabou resumida em outras programações, a um arremedo do que
tinha sido montado e estruturado, com a concordância da direção da empresa.
Apenas, vale registrar, aquele episódio salienta, com objetividade, que há sim
interferência do poder econômico, que há sim limitações à informação em nosso
País, pela propriedade dos meios. E se a propriedade dos meios não for como o
Sindicato dos Jornalistas defende, como a Federação Nacional dos Jornalistas
defende, como diversos setores esclarecidos da sociedade e não apenas os
setores que se envolvem diretamente com a informação defendem, de que seja por
fundações que não tenham como objetivo principal o lucro, mas que, lucro
havendo na divulgação de informações, na comercialização de espaços, seja
reinvestido apenas no próprio sistema, não haverá forma de ter uma elaboração
do noticiário que não obedeça ao critério do dono. Obviamente existem
articulistas, obviamente existem jornalistas que se impõem por sua capacidade,
por sua competência, pela verdade dos fatos que levantam, em diversos órgãos
deste Estado e deste País, à revelia da orientação do diretor do jornal, pela
sua importância, pela importância dos fatos, mas no mais das vezes a regra é de
que a informação veiculada na imprensa corresponde em todas as linhas à vontade
do proprietário quando, eventualmente, o choque dos interesses fira e esta
informação venha ferir os interesses do proprietário. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Tempo de Liderança com o Ver.
Vieira da Cunha.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, há muitos anos existe a carência dos quadros do funcionalismo
municipal de professores para atender a demanda do Município. Esta carência se
agravou depois da política educacional levada a efeito pela Administração
Collares. Várias escolas foram construídas e, portanto, houve a necessidade
inadiável da realização de concurso público para o Magistério Municipal. Isto
foi feito em 1988. No final da Administração Collares, infelizmente, houve erro
na avaliação da prova de títulos, o que fez com que ficasse impossibilitado que
o próprio Prefeito Collares fizesse a nomeação dos professores concursados.
Houve o período da troca de governo e assumiu a Frente Popular. Esta prova de
títulos foi reavaliada e há mais de trinta dias, segundo informações que tenho,
houve o resultado final desse concurso e o concurso, enfim, foi homologado.
Ocorre que, como eu disse no início, havia uma urgência na contratação
desses profissionais e a Administração Popular se valeu de um instrumento
jurídico que se denomina carta-contrato. Utilizando um critério elogiável, qual
seja, o da classificação do concurso público, embora ele ainda não estivesse
finalizado, porque faltava a prova de títulos, os professores foram chamados
para assinarem essa chamada carta-contrato. Ocorre que o fundamento jurídico da
carta-contrato, que era a urgência na contratação e a impossibilidade de
nomear, haja vista que o concurso público ainda não estava homologado, este
fundamento jurídico cessou a partir do momento em que o concurso foi
definitivamente homologado. A minha apreciação pessoal é a de que, neste
momento, todas as cartas-contrato que permanecem em vigor são ilegais, perderam
o seu fundamento jurídico, ainda mais que, além da ilegalidade, são injustas. E
por que são injustas? O próprio Sr. Prefeito respondeu a um Pedido de
Informações deste Vereador, dizendo que os professores municipais são remunerados
de acordo com o Plano de Carreira do Magistério Municipal e esse Plano de
Carreira é claro quando estabelece diversos níveis de remuneração aos
professores municipais, de acordo com a sua graduação, de acordo com a sua
habilitação profissional. Portanto, o professor que tem segundo grau recebe
menos que o professor que tem nível universitário, que por sua vez recebe menos
que aquele professor que tem o nível de pós-graduação. Pois esses critérios
foram desrespeitados no momento da execução das cartas-contrato. As
cartas-contrato nivelaram os professores municipais por baixo, ou seja,
estabeleceram a remuneração mínima aos profissionais sem se ater as suas
respectivas graduações, sem se ater as suas respectivas habilitações. Isso faz,
por exemplo, com que o professor que tenha pós-graduação e que lecione para
excepcionais, que sejam habilitados, que sejam formados em educação especial e
que estejam ministrando aulas para excepcionais, recebam quase um terço, Ver.
José Valdir, do que deveriam receber, se nomeados estivessem. E vejam que são
professores concursados, são professores que passaram no concurso público já
homologado pela Prefeitura Municipal e que vêm recebendo, repito, quase um
terço do que teriam que receber, se já nomeados estivessem.
Apenas para citar números concretos: um professor, com pós-graduação,
habilitado para ministrar, e já ministrando aulas no CIEM especial do
Município, recebeu no mês passado um pouco mais de 300 cruzados novos para
20h/aula. Se ele já estivesse nomeado, receberia cerca de 800 cruzados novos
para o mesmo tipo de atividade, na mesma escola e nas mesmas condições de
trabalho.
Estamos diante de uma exploração desta mão-de-obra qualificada, por
parte da Administração Municipal. E o que se espera é que o Sr. Prefeito encontre
uma forma, no momento da nomeação, de indenizar estes professores,
recuperando-lhes estas perdas salariais havidas durante a vigência desta
carta-contrato. Sou grato.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Luiz
Machado, em tempo de Liderança, pelo PMDB.
O SR. LUIZ MACHADO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, fiquei atento, hoje, quando os Vereadores da Bancada do PT vieram à
tribuna e falaram em censura da imprensa a alguns parlamentares, e até mesmo a
alguns partidos. Quero afirmar que o Sr. Prefeito tem um espaço na televisão e
no rádio que poucos têm.
No dia 29 de julho estivemos na Prefeitura numa audiência, onde foi a
Comissão Externa da Câmara que trata do Distrito Industrial da Restinga, com
mais de trinta entidades, e posso afirmar que lá participaram estas trinta
entidades e três Vereadores - o Ver. Heriberto Back, o Ver. Artur Zanella e
este Vereador -, a televisão estava presente, mas não fez apanhado nenhum
daquela reunião importante e decisiva para as aspirações de um povo que almeja
trabalhar na nossa periferia, a Vila Restinga. Essa cobertura foi dada, logo
após o encerramento daquele ato, ao Sr. Prefeito Olívio Dutra, na imprensa
falada, escrita e televisionada. Quando eu cheguei em casa procurei ligar a televisão,
sabia que quem estava fazendo a cobertura era a RBS. Para infelicidade nossa,
às 19h40min, na entrevista com o Sr. Prefeito, nada foi veiculado sobre aquele
debate com mais de tinta entidades, pois o Sr. Prefeito tratou de um assunto
que nada tinha a ver com aquela reunião, com o Distrito Industrial.
Então, se vamos falar em censura, este Vereador fala em censura, porque
isso sim, pois aquele momento foi censurado, porque privilegiaram o Sr.
Prefeito para falar em um assunto que nada tinha a ver com a reunião. No
entanto, trinta entidades ficaram caladas e quem foi privilegiado com a censura
foi o Sr. Prefeito. Isso foi no dia 29, se não me falha a memória. Depois disso
aí, o Sr. Prefeito já foi para o horário nobre da televisão. Se isso aí é
censura, realmente eu não sei o que é censura. Censura é quando prejudica
pessoas que querem estar 24 horas no rádio, televisão e jornal? Aí realmente é
difícil.
Eu, sinceramente, reclamo naquele momento, agora, não reclamo de certos
segmentos da imprensa que têm dado cobertura à Comissão que trata do Distrito
Industrial da Restinga e Porto Seco, que foi bem atendida, a imprensa escrita,
principalmente, nos atendeu bem, não temos queixa. Estamos falando, hoje, em
censura porque fomos provocados para tanto. Não tenho queixa nenhuma, porque
este Vereador fez um trabalho junto com os demais Vereadores desta Casa, e
posso afirmar que fomos bem atendidos pela imprensa. Apenas naquele dia, que
foi um grande debate que teve a duração mais ou menos de trinta minutos, nós não
fomos bem atendidos, porque o Prefeito, em vez de falar sobre a comunidade que
lá estava - eram trinta entidades -, foi falar em outro assunto, que nem me
cabe no momento revelar, porque não lembro, mas eu sei que liguei a televisão e
o Prefeito falou de outro assunto. E eu esperava que falasse, que desse a
notícia que em noventa dias nós estaríamos com o Distrito Industrial em franco
desenvolvimento, no seu início pelo menos. E isso aí o Sr. Ver. Heriberto Back
estava presente, viu quando encerrou aquele momento, aquela reunião, o Prefeito
foi chamado em seu gabinete para atender a empresa televisionada e lá foi
apanhado, e não atenderam trinta entidades, porque eram da Vila Restinga - quem sabe -, ou porque não tinha a notícia
ali naquele momento, ou não era muito interessante. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Se inscreve o Ver. José Valdir,
em nome da Liderança do PT.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, em primeiro lugar eu quero responder ao Ver. Vieira da Cunha,
dizendo que esta denúncia que ele encaminhou já há algum tempo atrás, nessa
tribuna, foi respondida por mim com base em contato que mantive com a
Secretaria da Administração, que me informou na ocasião que, de fato, no início
dos contratos houve problema desse tipo de todos os professores contratados,
independente da titulação e do nível, receberam o mesmo salário, mas que isto
havia sido corrigido tão pronto se constatou o equívoco, e a Secretaria da
Administração me afirmou que os professores estavam recebendo, mesmo com base
na carta-contrato, de acordo com a titulação. Quero salientar, também, que este
problema só está acontecendo por causa do fato que, para minha satisfação, o
próprio Ver. Vieira da Cunha admite, aconteceu na Administração anterior que
fez muito mal a avaliação dos títulos, onde havia professores com curso no
exterior e que haviam recebido zero na prova de títulos. Por isso, a atual
Administração teve que fazer a carta-contrato e teve que refazer todo o
processo para reavaliação dos seis mil títulos dos professores aprovados.
Vereador, eu acho que a pressa provou, neste caso, que é inimiga da
perfeição, se é que o problema foi pressa da Administração anterior. Nós não
vamos fazer as coisas de afogadilho. O Ver. Dilamar Machado faz uma cara de
brabo, faz um aparte anti-regimental e depois dá uma risadinha. Vereador, eu
quero dizer que se for constatado o que o Vereador denuncia aqui, tem toda a
razão, a Administração Popular está equivocada. Eu acho que os professores
devem ganhar, mesmo com a carta-contrato, de acordo com a titulação. Vou voltar
a fazer contato com a Administração.
Quanto ao pronunciamento do nobre Ver. Luiz Machado, que me antecedeu
nesta tribuna, acho estranho que ele tenha na mão a denúncia feita pelo
Sindicato dos Jornalistas, Radialistas e Administrativos e, ou não a tenha
lido, ou não esteja entendendo, ou esteja entendendo que a direção desses
Sindicatos seja do PT. Diz claramente, Vereador, que o noticiário foi limitado
aos atos administrativos da Prefeitura de Porto Alegre e à campanha
presidencial, está escrito aqui e historia mais, que a censura não é de hoje,
inclusive citando Breno Caldas e sua famosa listinha de personalidades e
parlamentares que eram proibidos de sair no noticiário. E quem assistiu o “Câmera
2” viu o que aconteceu lá, onde o programa foi tirado do ar para que o Dep.
Fortunati não falasse. Isso tudo está noticiado aqui, e está noticiado, também,
que não só em relação ao PT. Fala, aqui, que a censura atingiu pelo menos um
parlamentar do PDT. E eu estranho, também, e já disse isso num aparte, que o
Ver. Dilamar venha querer negar a censura, quando o seu Líder maior, candidato
a Presidente, Leonel Brizola, está todos os dias nos debates, nos comícios,
denunciando a Rede Globo por isso. Agora, é claro que a imprensa não consegue
fazer castração total da notícia, porque senão ficaria evidente, eles têm que
noticiar alguma coisa, especialmente com relação à Administração. Agora, os
fatos estão aqui denunciados, no Boletim do Sindicato, e quem assistiu o
programa Câmera 2, constatou isso ao vivo. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Não há mais oradores. Estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 16h40min.)
* * * * *